Diversos estudos já mostraram que os fatores associados à atração e retenção de jovens profissionais vão muito além das questões monetárias. Hoje em dia, a responsabilidade social está entre os critérios mais valorizados pelos trabalhadores e, mesmo que o aspeto monetário seja bastante favorável, um colaborador pode perfeitamente deixar a empresa no final do contrato pela questão da responsabilidade social. Em muitos casos, é fator de motivação ou descontentamento no mercado de trabalho.
Assim, não se deve usar a responsabilidade social como um dos agentes associados à atração e retenção de jovens profissionais qualificados, se a empresa não se dedicar continuamente ao investimento para melhorias sociais, porque possivelmente não conseguirão reter os seus funcionários.
Sendo assim, parece ser uma iniciativa bastante estratégica investir em responsabilidade social e na monitorização das práticas a ela envolvidas, para que se possam atrair e reter talentos.
O QUE QUEREM OS JOVENS?
Os Millennials superam já qualquer outra geração na força de trabalho e, até 2020, representarão mais de metade do seu total. E, ao contrário de muitos de seus antecessores, os Millennials sentem-se mais motivados por melhorar o mundo que os rodeia, do que por cargos de prestígio ou empregos com remuneração elevada.
De acordo com um estudo da Universidade de Bentley, 84% dos Millennials admitem que ter um impacto positivo no mundo é mais importante do que o reconhecimento profissional. Mas o que significa isso para as empresas que tentam atrair e reter os melhores talentos? Se a recompensa monetária e o reconhecimento profissional não funcionam como incentivos, o que funcionará?
A resposta está na responsabilidade social e ambiental. Os Millennials entendem que conseguem usar o seu poder de influência para encorajar as empresas a contribuírem positivamente para o mundo que as rodeia. O Millennial Impact Report – conjunto de dados e análises sobre como os Millennials dos EUA interagem com as causas – descobriu que mais de metade destes jovens são motivados a trabalhar em empresas cuja missão é transformar o mundo.
Isso levou a uma mudança incremental na forma como as empresas se apresentam e a uma redução de atividades geradoras de desperdício, tais como o excesso de impressão em papel. Mas as empresas precisam de ter uma visão mais abrangente do que apenas poupanças na eficiência, é necessário que demonstrem um compromisso com a promoção de mudança no mundo. Isto trará a solidariedade social para o primeiro plano tornando-a num aspeto-chave para todas as empresas nos próximos anos.
O relatório Global CEO Survey da PwC mostra que 64?s empresas consideram que as suas políticas de solidariedade social são um aspeto fundamental para o seu negócio. No entanto, apenas 29% focam-se na responsabilidade social como estratégia para atrair e reter os melhores talentos na sua força de trabalho.
As empresas que demonstrem compromisso a longo prazo, implementando bons processos e plataformas para gerir as suas políticas de responsabilidade social, superarão outras em termos de aquisição e retenção de talentos, produtividade e vendas.
Posto isto, a gestão de talentos apresenta-se como um dos pilares para as empresas serem percebidas como criadoras de valor social.
Existem três práticas fulcrais para a atração e retenção de profissionais:
1. Ligar o trabalho de cada colaborador à missão social da empresa, criando o propósito de que o trabalho de cada um é relevante;
2. Repensar a forma de recrutamento com o objetivo de atrair profissionais capazes de atuar perante cenários incertos e complexos;
3. Reestruturar a forma de trabalhar, oferecendo autonomia, oportunidades de crescimento pessoal, flexibilidade para inovar. Apesar da hierarquia ser necessária, estruturas muito hierárquicas podem comprometer o engajamento dos colaboradores.
O ISCO PARA AGARRAR OS MILLENNIALS
Apesar de ser considerada uma geração que muda facilmente de ideias, os Millennials são fiéis aos seus valores.
Para as empresas, o desafio não é conseguir que olhem para os seus negócios, mas sim retê-los. Os requisitos destes jovens são diferentes das gerações anteriores, são mais exigentes e influenciadores naturais, e procuram uma cultura empresarial ética, consistente e direcionada para o humanismo.
São já vários os estudos que comprovam que a geração Millennial, quando tem de escolher, privilegia o propósito e o impacto socioambiental em primeiro lugar. No entanto, esta geração considera que as empresas ainda estão mais focadas na própria agenda do que em ajudar a transformar o mundo. E também acredita que as empresas se devem focar mais nas pessoas e não apenas nos seus produtos.
Assim, é mais provável que um Millennial se fidelize a uma marca, produto ou serviço se for evidente a missão da organização em tornar “o mundo um lugar melhor”.
As empresas que demonstrem esse compromisso a longo prazo, implementando plataformas para gerirem as suas políticas de responsabilidade social, superarão as outras em todas as frentes: aquisição de talentos, produtividade e adesão.
ATRAIR OS MELHORES TALENTOS
De acordo com o relatório Project ROI (Return on investment), quase 50% dos Millennials declararam que aceitariam um corte salarial, escolhendo trabalhar para uma empresa que tenha um impacto social ou ambiental positivo. Ao mesmo tempo, 78?sta mesma geração dizem que a responsabilidade social influencia diretamente se eles trabalhariam em determinada empresa, 90% dizem que querem usar as suas competências para o bem, 75% dos colaboradores querem participar dos programas de filantropia e voluntariado da sua empresa e 93% dos colaboradores que se voluntariam estão felizes com o seu empregador. Estes dados reforçam a importância inequívoca de uma boa reputação em termos de responsabilidade social.
As empresas precisam de demonstrar que estão empenhadas em ter um impacto positivo, que os colaboradores são envolvidos nesse processo e que isso é um aspeto fundamental na sua operação.
O mesmo relatório descobriu ainda que a responsabilidade social reduziu a taxa de rotatividade do pessoal em 25 a 50%. Isto permite uma poupança nos custos de recrutamento de 90 a 200% do salário anual de um colaborador. Assim, a responsabilidade social não só ajuda a atrair os melhores talentos, como também contribui para os reter.
TAMBÉM MELHORA A PRODUTIVIDADE
Apesar do receio de que as políticas de responsabilidade social ocupem o tempo dos colaboradores com tarefas não diretamente imputáveis ao seu cargo, os programas de solidariedade social têm demonstrado ser capazes de melhorar a produtividade em cerca de 13%.
O grande desafio para os empregadores é encontrar uma forma de gerir eficientemente estas políticas. Dedicar demasiado tempo e atenção pode ser uma distração e anular os ganhos de produtividade, mas dedicar pouco tempo acarreta o risco de o compromisso social se perder. Algumas grandes empresas estão mesmo a recrutar diretores de responsabilidade social para gerirem o seu impacto, donativos, e programas de voluntariado. No entanto, para empresas menores tal poderá não ser necessário ou viável.
Habilitar o programa de responsabilidade social com tecnologia traduz-se numa gestão manual mínima, e é geralmente a melhor e mais fácil forma de envolver todos os colaboradores, possibilitar novas funcionalidades e analisar o impacto. Os colaboradores têm então o poder de decisão e as ferramentas para se envolverem, ou não, com as ações de voluntariado, ou angariação de fundos para causas pessoais ou sociais com as quais se identificam.